A placa de inauguração da Casa Ouro Fino, no interior do Parque Fernando Costa, será descerrada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, imediatamente após a abertura oficial da 75ª ExpoZebu, neste domingo, dia 3 de maio, às 10h. A informação é do presidente da Ouro Fino Agronegócios e presidente-executivo do grupo, Jardel Massari. A Casa Ouro Fino é um espaço com estrutura fixa, que será o ponto de encontro para receber criadores, expositores, técnicos, parceiros e convidados de todo o Brasil.
A placa traz o nome de Reinhold Stephanes em homenagem ao trabalho que ele desenvolve no comando do Mapa e à sua conceituada trajetória no segmento de agronegócios.
Com pouco mais de 21 anos de mercado, o Grupo Ouro Fino transformou-se em sinônimo de soluções para saúde animal. O grupo prepara inauguração de fábrica de vacina contra febre aftosa, em Cravinhos (SP), e a Ouro Fino Química (fábrica de herbicida e inseticida), em Uberaba.
História
Mais detalhes sobre o grupo em reportagem publicada pela revista Época Negócios
Empresa 100% nacional, a Ouro Fino Agronegócios apostou na inovação para ganhar espaço no disputado mercado de medicamentos veterinários. Deu certo. Hoje, além de vender para todo o Brasil, a empresa exporta para 30 países e produz até vermífugo para camelo
por Camila Hessel, de Cravinhos, SP
fotos Andre de Toledo Sader
O visitante que entrar pelos longos corredores envidraçados e futuristas de um laboratório onde técnicos com roupas hospitala-res e óculos de proteção caminham vagarosamente, como em uma estação espacial, pode, por instantes, esquecer que está no interior de São Paulo, numa área verde de 125 mil metros quadrados. A temperatura, controlada por enormes filtros de ar, não lembra em nada as abafadas manhãs da região. Para entrar numa das salas de produção, um funcionário digita sua se-nha diante de uma pesada porta de alumínio e ganha o acesso. Ali, uma grande cuba prateada mistura reagentes químicos para produzir um medicamento veterinário. Trata-se de um reator. Seu operador recebe instruções numa tela de cristal líquido e cada um de seus movimentos é monitorado numa central de operações, onde trabalham dois engenheiros. A sofisticação tecnológica das instalações é apenas uma amostra de como atua a Ouro Fino Agronegócio, uma empresa 100% nacional que apostou na inovação para disputar um mercado promissor, mas bastante disputado.
em Cravinhos,
no interior de São Paulo
Instalada em Cravinhos, nas proximidades de Ribeirão Preto, a 320 quilômetros de São Paulo, a fábrica da Ouro Fino, onde foram investidos R$ 130 milhões, faz medicamentos e produtos destinados ao cuidado de bois, cavalos, cabras, ovelhas, porcos, aves e animais de estimação. Eles são vendidos em todo o Brasil e exportados para outros 30 países da África, Amé-rica Latina, Ásia e Oriente Médio. Em 2007, geraram um faturamento de R$ 176,9 milhões, valor que pode chegar a R$ 220 milhões no final deste ano. No início, um galpão alugado
e capital de R$ 40 mil.
Hoje, a Ouro Fino vende para 30 países
Quem caminha hoje por suas instalações não imagina que a Ouro Fino Agronegócio começou suas atividades num galpão alugado de 300 metros quadrados, há 21 anos. Seus fundadores, os amigos de infância Norival Bonamichi e Jardel Massari, investiram, em 1987, o equivalente a R$ 40 mil para transformar o sonho do negócio próprio numa empresa que hoje emprega 630 pessoas. A primeira empreitada dos dois amigos foi uma representação de produtos veterinários, criada em 1985. "Vimos que essa história de representar algumas empresas na região poderia triplicar nossa renda com as comissões de vendas, e assim fizemos", afirma Norival, o mais falante da dupla. Até então, ele e Jardel eram vendedores de ração para animais de grande porte da empresa Socil Rações.
Extrovertido, Norival, de 52 anos, tem o sotaque característico do interior de São Paulo. Jardel, o sócio, de 51, fala pou-co e quando o faz é para zelar pela precisão das informações. É ele quem tem na ponta da língua os números da empresa. Quando Norival o provoca com seu jeito brincalhão, Jardel ri baixinho. "Somos mesmo diferentes. Um é baixo e o outro é alto. Um anda a 140 e o outro a 80", diz Norival. Nascidos em Inconfidentes, então um distrito da cidade mineira de Ouro Fino, eles estudaram juntos desde o ginásio. Cursaram o ensino médio na escola técnica agrícola de Muzambinho (MG), trabalharam em empresas diferentes nos dois primeiros anos após a formatura, mas logo voltaram a se encontrar na Socil, quando se muda-ram para a região de Ribeirão Preto. Ficaram na empresa cinco anos. O instinto empreendedor fez com que investissem a renda extra obtida com a empresa de representação, que abriram ao sair da Socil, num novo modelo de comercialização, onde a possibilidade de lucro era maior. Norival e Jardel compravam produtos veterinários diretamente do fabricante e os revendiam. Os ganhos cresceram e surgiu a idéia de ter a própria indústria. "Fabricar era o próximo passo", diz Norival. Eles começaram, então, a fazer medicamentos simples, que exigiam menor investimento e, à medida que o faturamento foi cres-cendo, sofisticaram a linha de produtos, ingressando em segmentos onde as margens são maiores.
Norival e Jardel estiveram sempre à frente dos esforços comerciais, de relacionamento com clientes e do planejamento de novos negócios. Contrataram farmacêuticos, veterinários e profissionais especializados para cuidar da produção e do de-senvolvimento de novas fórmulas e drogas. "Depois que começamos a fabricar nossos produtos, os ganhos aumentaram 1.000%", afirma Norival. "Aí continuamos investindo o lucro, contratando pessoas, adquirindo equipamentos e tecnologia para crescer mais."
presidente do conselho
e Jardel Massari, 51 anos,
presidente-executivo,
Amigos de infância,
cursaram o colégio agrícola
da cidade onde nasceram,
Inconfidentes(MG)
Os amigos nunca mais deixaram de pensar grande. Além de dedicar 5% do faturamento a investimentos no desenvol-vimento de novos produtos, a Ouro Fino firmou parcerias com universidades e institutos de pesquisa. Imitando práticas das empresas mais avançadas do mundo, passaram a financiar diversos projetos de pesquisa. Um deles tem tudo para fazer his-tória. Trata-se da primeira vacina a ser totalmente desenvolvida no Brasil. Fruto de uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o projeto tem significado especial para a médica Miriam Tendler, de 59 anos. Pesquisadora sênior da Fiocruz, ela busca uma vacina para a esquistossomose desde a década de 70. No terceiro ano do curso de medicina, Miriam foi esta-giar num grupo de testes de medicamentos contra a segunda maior endemia parasitária do mundo depois da malária, que faz 200 milhões de vítimas todos os anos. O verme da esquistossomose também é o causador de outra doença, a fasciolose, que atinge mais da metade dos rebanhos mundiais, provocando perdas de US$ 3 bilhões por ano. As vacinas contra esses dois males estão em fase final de aprovação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A vacina de uso veterinário deve chegar ao mercado primeiro, graças à parceria com a Ouro Fino.
O papel da empresa agora é liderar o processo de obtenção das patentes e dos registros que autorizam a comerciali-zação da vacina em diferentes países. "Essa parceria mostra um envolvimento inédito do setor industrial no país", diz Miriam. O projeto é emblemático não só por seu ineditismo mas também pelo potencial de mercado. Até a descoberta da vacina, a doença era tratada com drogas que deixam resíduos químicos na carne, no leite e na carcaça dos animais, o que acaba por poluir o solo e os lençóis freáticos. Preocupada com esses impactos, a União Européia proibiu a utilização desses medicamen-tos nos animais destinados ao consumo humano, criando uma forte demanda pela vacina.
de remédios veterinários
Outro exemplo de parceria bem-sucedida com o meio acadêmico teve início há quase dez anos. Em 1998, Alvimar Jo-sé da Costa, professor titular de parasitologia da Faculdade de Veterinária da Unesp, em Jaboticabal (SP), fundou o Centro de Pesquisas em Sanidade Animal (CPPar) para estudar novos produtos e formulações de medicamentos antiparasitários. Embo-ra contasse com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o CPPar precisava captar recursos na iniciativa privada para dar início às suas atividades, e a Ouro Fino foi a primeira empresa a investir. Grandes mul-tinacionais do setor, como Pfizer Saúde Animal, Bayer e Intervet Schering-Plough, também dão apoio financeiro ao CPPar. Mas Costa diz que a Ouro Fino é a única companhia de capital nacional a patrocinar o centro de pesquisas de maneira contí-nua e não apenas em projetos pontuais.
na sede da empresa, onde funcionários pescam na hora de almoço |
Em processo de internacionalização há dez anos, a Ouro Fino exporta medicamentos e produtos veterinários para 30 países. A única filial no exterior foi montada no México. Nos outros países, a empresa atua com representantes comerciais. São 42 brasileiros no exterior, para onde também são estendidas as iniciativas de inovação. Em 2002, por exemplo, a Ouro Fino criou o primeiro vermífugo para camelos e dromedários do mundo. A oportunidade de negócio foi identificada por um profissional de vendas que atuava no Oriente Médio. Numa conversa com um pastor de dromedários da Mauritânia, ele des-cobriu que não existiam produtos específicos para esses animais, responsáveis pela produção do leite que é a base da ali-mentação dos povos nômades em regiões desérticas. Determinados a atender a uma demanda que os grandes laboratórios internacionais consideravam pequena demais para justificar investimentos, os pesquisadores da Ouro Fino se dedicaram a desenvolver a nova droga, testada e comercializada exclusivamente nos países do Oriente Médio. Hoje, ela já responde por 15% do faturamento no exterior.
de remédios veterinários |
É a prioridade dada à inovação e ao desenvolvimento de novos produtos que diferencia a Ouro Fino de suas concorren-tes nacionais e lhe garante uma participação de 7% num mercado altamente pulverizado, em que a líder – a franco-americana Merial – detém uma fatia de apenas 11%. Historicamente, as multinacionais dominaram esse mercado e as empresas brasilei-ras se contentaram em abocanhar pequenas parcelas de segmentos isolados. O investimento em pesquisa era muito pequeno e a estratégia básica adotada pelas nacionais era brigar por preços.
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para melhoramento genétco |
"Na Ouro Fino,não tem essa de empresário rico que esbanja e deixa a empresa estrangulada" |
A política de extensão da linha de produtos deu origem a novas unidades de negócios. Em 2003, a Ouro Fino entrou no mercado de animais domésticos e também no de agrociência, produzindo sementes forrageiras para pastagens. Em 2005, criou a divisão dedicada à genética bovina, para promover o melhoramento da raça nelore e, em setembro, a linha de hormô-nios para reprodução animal. Em 2009, a empresa passará a produzir vacinas contra aftosa e deve inaugurar uma fábrica em Uberaba (MG), para a produção de defensivos agrícolas, um mercado duas vezes maior que o de produtos veterinários. "Exis-tem três coisas que nos faltam e já estão na alça de mira: a produção de sementes de milho híbrido, de fosfato bicálcio para alimentação de rebanhos e de fertilizantes", diz Norival. "Temos planos e negociações em andamento para levar adiante cada uma delas."
Situado na base da cadeia produtiva da indústria alimentar, o setor de saúde animal fornece produtos que geram produ-tividade aos animais de corte e de leite, além de atender às exigências sanitárias de cada país. No Brasil, uma das áreas de negócios com maior potencial de faturamento é o de vacinas contra febre aftosa, que movimenta cerca de R$ 400 milhões ao ano. Produtos para o controle de parasitas também merecem destaque nesse mercado que, em 2007, faturou R$ 2,43 bilhões e que, segundo projeções do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, deve fechar este ano com R$ 2,61 bilhões.
Na Ouro Fino, a política é investir os lucros na ampliação do negócio. "Nossa filosofia é empresa rica e dono com vida simples", diz Norival. "Aqui não tem essa de empresário rico que esbanja e deixa a empresa estrangulada." Além dos inves-timentos feitos com capital próprio, a empresa também captou recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Em meados de 2007, o BNDESPar adquiriu uma partici-pação de 20% no capital do grupo, mediante investimento de R$ 107 milhões. Parte dos recursos será investida na nova fábrica de defensivos. "Para entrar nesse mercado é preciso nascer grande", diz Jardel.
Norival e Jardel continuam sonhando alto. "Quero construir a maior empresa do agronegócio e ter a satisfação de ver que os filhos dos meus funcionários se tornaram profissionais bem-sucedidos graças ao emprego dos pais. E tomara que esses meninos queiram vir trabalhar na Ouro Fino", diz Norival, pai de um rapaz de 22 anos e de uma moça de 19. "Quero que a Ouro Fino esteja no mercado daqui a 100, 200 anos", afirma Jardel, que tem um filho de 18 anos e uma menina de 16. Experimente perguntar aos sócios da Ouro Fino qual o diferencial que eles têm em relação à nova geração e a resposta será uma volta ao passado. "Somos profundos conhecedores do homem do campo, porque viemos dele", diz Norival. "Trabalha-mos na lavoura, então sabemos bem como atender às necessidades desse usuário, adaptando produtos, processos de ven-da e assistência técnica", afirma Jardel.
Gráfico Alexandre Affonso Rose Dutra |
Assessoria de Comunicação
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