domingo, 28 de junho de 2009

Hugo Prata lança o livro Das Minas às Gerais

História, cultura e costumes de um povo brasileiro 

Toda a renda arrecada com a venda do livro será revertida para o Instituto Escola São Paulo 
 
Das Minas às Gerais é resultado das observações cotidianas de Hugo Prata, um mineiro que debruçou-se sobre o modo de ser mineiro e na mineiridade sob os aspectos mais diversos – sociais, históricos, culturais.
Começa com a escravidão,  fala sobre os índios, os portugueses e a nova imigração, para em seguida entrar na formação das Gerais, com seus surtos de enriquecimento econômico-cultural  e empobrecimento
 
No livro o autor não esconde seu fascínio pela figura do caipira, pelas manifestações culturais que ainda teimam existir naquelas bandas e pelos odores e sabores tão particulares da cozinha mineira.

Apesar de não ser um livro de receitas ele traz os segredos de preparo de alguns clássicos gastronômicos
da região como a Vaca Atolada, o Tutu de Feijão, a Broa de Milho e o tradicional  Pão de Queijo.
 
Pão de Queijo
Ingredientes
4 copos de polvilho azedo
1 copo de água
1 copo de leite
½ copo de óleo
1 colher (sopa) de sal
5 ovos
2 copos de queijo minas ralado
 
Modo de Fazer
Numa panela coloque a água, o leite, o óleo, o sal, leve ao fogo e aqueça bem. Escalde o polvilho com esta mistura. Deixe esfriar um pouco e acrescente os ovos um a um, amassando com as mãos. Acrescente o queijo ralado misturando-o com mãos; se necessário, use mais leite. Amasse bem, faça rolinhos. Corte e faça as bolinhas. Asse em forno quente.
 
Agrônomo de formação e ambientalista por natureza, não é de hoje que Hugo Prata escreve. Seus artigos e crônicas publicados na imprensa da cidade natal, Uberaba, registram prioritariamente sua defesa pelas questões ecológicas prementes e a melhoria dos espaços urbanos para fins sociais.
 
Preço: R$ 25,00
Toda a renda arrecada com a venda do livro será revertida para o Instituto Escola São Paulo
À venda na Escola São Paulo
Rua Augusta, 2239
 
 
Das Minas às Gerais
Prefácio de Salete de Almeida Cara    
 
Ler o livro do Hugo Prata  é como fazer uma viagem, e muito bem acompanhado. O meu viés acadêmico de bom grado justificaria essa afirmação destacando, de saída, a bibliografia que o autor consultou, e que está exposta no final do livro. O que não seria um mau começo porque, de fato, ela é vasta e cobre um número grande de livros importantes de história, de sociologia com ênfase na vida rural, de narrativa de viajantes, e outros volumes que vocês verão. Afinal, o livro foi inicialmente uma Dissertação do Mestrado.

No entanto, embora Hugo Prata seja um pesquisador sério e competente, interessado em Minas Gerais e no destino da sua primeira gente – o índio, o negro, o caboclo -, a boa companhia  a que me refiro vem também de um outro traço do livro, que faz toda a diferença: Hugo Prata é um ótimo contador de casos, porque está realmente integrado naquilo que narra. Uma integração que transparece a cada escolha das experiências vividas, das experiências que ouviu contar de gente próxima, das experiências sobre as quais pesquisou. Todas elas bem entrelaçadas e bem costuradas por alguém a quem não escapa a dimensão de uma história pessoal, finalmente compartilhada.

Essa foi a impressão que tive logo na primeira leitura do livro, ainda em folhas soltas,  e que volto a ter agora, quando o volume já tem cara de livro pronto para estar nas livrarias e bibliotecas. Mas afinal, do que ele trata? É verdade que o volume de Prata aposta numa lenda...mas verdadeiramente comprovável – a dita "mineiridade"! Uma lenda-quase-uma-tese, poderíamos dizer, brincando a sério.Acontece que, muito mais do que essência vaga ou aposta entusiasmada, a tal "mineiridade", aqui, é resultado de uma história efetivamente acontecida,  que desde o ciclo do ouro e dos diamantes foi dando origem a uma sociabilidade enraizada em hábitos e costumes que vão da fala às danças, das histórias e dos causos à cozinha. De onde o subtítulo do volume: "História, cultura e  costumes de um povo brasileiro".

O primeiro capítulo, "A invenção do Brasil", arma de longe uma história decisiva para a constituição do país: a escravidão. O tom, não se assustem, será sempre o de uma boa conversa, mas nem por isso menos exigente. Abre-se ao leitor um largo panorama, ao qual não escapa o sentido cruel e desumano da escravidão na linha de uma interpretação moderna e atualizada, que a vê como o empreendimento comercial lucrativo que de fato foi. Muito se há de aprender neste capítulo, e ficará ecoando a pergunta final, como um verdadeiro problema a ser ainda resolvido: uma sociedade escravocrata poderia constituir um país verdadeiramente livre?

No segundo capítulo, "Os da terra, os da Europa, os da Ásia", será a vez dos índios, dos portugueses e da nova imigração. Em seguida entramos na formação das Gerais, que ele não vê como um fenômeno isolado na América, com seus surtos de enriquecimento econômico-cultural  e empobrecimento. Aqui também histórias ouvidas quando criança, de um tio-avô, ilustram e dão vida ao processo que transforma o minerador em sitiante e pecuarista. A "mineiridade" vai-se desenhando num modo simples de viver, de trazer limpa e lavada a casa, de dedicar-se às tarefas da terra. E, agora, já estamos frente ao mineiro e ao caipira, com suas crendices, rezas, festas, movimentos corporais e um estar no mundo costurado por intensa solidariedade.

O capítulo 4, "histórias de minas e mineiros", nos traz depoimentos de grandes escritores, eles mesmos exemplos e modelos.   Agora o papo mineiro passa a ser o próprio assunto do livro de Hugo Prata. Exemplos não lhe faltam, e dos mais interessantes. O leitor, antes de entrar para a maravilhosa cozinha que o aguarda, aconchegante e fumegante bem ali na  frente, se acomodará para ouvir algumas histórias interessantíssimas. Mais uma vez, trata-se de uma pesquisa sobre produção e cultura, entremeada de descrições de hábitos e costumes (de fazer lamber os beiços), onde as variadas regiões mineiras e o próprio espaço da cozinha  tem destaque.

A cozinha é tentadora, e para lá vamos nós. A recompensa virá em forma de receitas – que, segundo conta Hugo nas suas dedicatórias, foram devidamente testadas. Algumas eu conheço bem e posso lhes dar nota 10, ou aprovação com distinção e louvor (como é hoje o costume acadêmico). Muitíssimo bem alimentados, o capítulo nos trará ainda músicas de um cancioneiro ímpar (dentre as quais, sem nenhum constrangimento, dou destaque a "O menino da porteira", que fala da querida terrinha de Ouro Fino), e algumas danças tradicionais importantes – sua história, suas apresentações públicas, seus significados.

O penúltimo capítulo será uma alentada pesquisa lexical (separada em dois grupos, o de origem tupi e o de origem africana ). Finalmente, o olhar do narrador se detém nos tipos de fazendas que se formaram no início do século XX. O mapa das Minas Gerais se alarga, cobrindo a extensão que vai das montanhas do Sul ao Triângulo Mineiro. No conjunto do volume, será sempre a longa história  entrelaçada ao miúdo da vida, sempre o processo ganhando músculos nas figuras humanas, nos  lugares de morar gente, na organização estabelecida pelo homem no espaço de plantações e de criação de animais. A vida nas fazendas do século retrasado ratifica um eixo forte do livro, voltado para os costumes de homens e mulheres numa história de formação, que é de Minas e é do Brasil.

O que disso se transformou, o que pareceu ter sido varrido pelo furacão da modernização, mas que, para o bem e para o mal, ficou ainda como resíduo que é preciso compreender e recuperar, como faz Hugo Prata no seu livro?
 
Flavia & Cris Fusco


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